segunda-feira, 11 de março de 2013

Quem és tu, Cavaleiro?



Gosto tanto dos teus olhos,
Desse misto de céu e mar,
Posso mergulhar neles?
Quero tentar contar quantas estrelas brilham...

Gosto tanto do seu rosto,
Do seu meio sorriso,
Da sua expressão de artista, transbordando, escorrendo,
O jeito que me olha, quando me desenha.
Gosto até da falta de controle voluntário,
No músculo abaixo do olho direito.

Quero decifrar-te aos poucos,
Descobrir quem és tu, Cavaleiro,
Saborear cada parte de ti,
Abusar de cada sensação contigo,
Do trabalho de Meisner, Pacini, Rufini, entre outros receptores...

Havia tanto em ti, nobre senhor,
Encoberto em sua tristeza,
Descobri tanta bravura, tanta ternura em ti...
Que como diria uma música,
Com todo respeito ao autor,
Estranho seria se eu não me apaixonasse por você.

Me leve para um mundo só nosso,
Esse mundo que encontro em seus braços,
Poderia descansar em paz neles,
Até o fim dos meus dias.




quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Um cochilo e uma lembrança



É tudo tão breu que me dá medo, estou só, ouvindo o ruído do balanço que se movimenta com o vento. Sento-me na grama molhada, cansada de caminhar, sem me importar em sujar minha calça jeans desbotada.
Penso no que aconteceu há alguns meses atrás, quando eu era apenas uma garota normal que pensava que seria médica um dia.
Ao ver aquele rosto, me vem um arrepio na espinha, mas não era do ambiente, foi um arrepio que veio de dentro.  Se é que você me entende. Aqueles olhos, que me espreitavam como duas jabuticabas maduras, me condenavam de cima a baixo.
O rosto é de um moço, com os seus dezesseis anos de idade, cabelo modelado com gel, muito perfumado. Estávamos no refeitório onde almoçávamos todos os dias, um lugar pacato e acolhedor, com mesinhas beges todas enfileiradas e a bancada com as refeições adiante. Sorríamos ao cumprimentar a "tia" que servia a comida e sempre perguntava se queríamos mais molho (eu nunca queria).
Conheci o garoto pela Internet, conversando em uma rede social, bem no florescer de minha adolescência e logo que comecei a trabalhar em um escritório imobiliário. O trabalho era monótono, não havia muito para se fazer e eu conversava com o rapaz, sempre que tinha um tempo.
Logo nas primeiras palavras a afinidade apareceu, a necessidade de um pelo outro. Após algumas semanas ele me convida para sair. Eu havia beijado dois rapazes antes de conhecê-lo, sim, com dezesseis anos, não tinha e não tenho ainda muita experiência nesse ramo da vida. Veio a insegurança, pois com ele era diferente. O coração palpitava, parecia que ia saltar pela boca, as palavras fugiam e as pernas bambeavam.
As perguntas que não calavam: será que vai acontecer o beijo? Será que ele vai gostar?
Decidimos ir ao cinema e levamos duas amigas nossas. Ele pegou em minhas mãos. Perdi meu ingresso, mas conseguimos entrar (sim, que mico para um primeiro encontro, como sou cheia dessas). Nos abraçamos, o filme começa e eu ansiosa, dou-lhe um beijo na bochecha, sou retribuída com um beijo na boca. Nossos lábios parecem ter ímãs e não se desgrudam por um instante sequer. Esqueço de tudo, o mundo era só eu e ele naquele momento. Nunca havia me sentido assim e eu sabia que ele também estava sentindo tudo aquilo.
O filme acaba, saio da sala do cinema com o cabelo desarrumado, de mãos dadas com aquele que a partir daquele instante era o meu príncipe.
Aconteceu que tive que ligar pra minha mãe vir me buscar, a noite já ia alta. Ela brigou comigo, pois havia demorado mais do que o planejado e ela ficou preocupada. Me desconcertei, sempre me desconcerto com as broncas da minha mãe. Fiquei sem ação. Gelei só de pensar na bronca e na minha mãe de cara virada comigo.
Quase esqueço do momento mágico que havia tido alguns instantes atrás. Digo para irmos rápido. A amiga fala para nos despedirmos direito. O beijo já não foi à mesma coisa, a preocupação afetou tudo.
Minha mãe chega, aceno freneticamente e saio correndo e puxando a amiga em direção ao carro.
No dia seguinte ele tocou na festa de aniversário de uma amiga minha, ele é músico, esqueci de mencionar, tenho uma queda por músicos. Cumprimentei-o alegre e tímida, e ele foi frio e seco comigo.
Assim que conectei o computador, depois do ocorrido, vejo uma mensagem dele, dizendo que é melhor sermos só amigos. Bem típico. Meu orgulho falou mais alto e disse que tudo bem. Não ficou tudo bem.
Esse rapaz ficou por três anos seguidos em meus sonhos, em minha mente, em meu coração, em minha pele, em tudo, e ainda hoje perpassa minha mente de uma maneira mais leve e menos compulsiva.
Após uns seis meses de amor recolhido, resolvo falar sobre o que estava acontecendo comigo. Como sempre ele não teve palavras para me responder.
Foi-se um bom tempo, com as confusões sentimentais da parte dele, meus choros, muita raiva. Ele me dizendo que eu era infantil e eu xingando-o de tudo quanto é nome.
Passamos por tanta coisa, voltamos a ficar juntos novamente no cinema, depois de um ano e meio. Foi horrível.
Ficou decidido que estava acabado e eu tinha que aceitar. Nossos caminhos se separaram de uma maneira muito brusca.
Excluía o nome dele da minha lista de contatos. Mas eu sabia o telefone dele de cor e o e-mail também. Não se passavam duas semanas e lá estava eu, conversando com ele de novo, nós dois cheios dos apelidinhos carinhosos, como se estivesse tudo ok, tudo normal.
Falamos sobre sexo, mas nada fizemos. Sem combinações. Assunto esquecido.
O sol começa a despontar no fundo, começo a ver as cores das flores que permeiam o parque. Me levanto, devo ter cochilado na grama depois da caminhada, não sei como os guardas não me expulsaram, mas acho que viram que apenas uma garota inofensiva.
Fico eufórica, pois há muito tempo que eu não via aquele rosto, não sentia aquele cheiro amadeirado de perfume caro. Hoje ele é só uma lembrança distante.
Continuo em muitos aspectos como em meus 16 anos, a não ser pelo fato de que não serei médica e sim professora e não tenho um príncipe encantado.
Muitos horizontes de cultura e de conhecimento se abriram, mas no amor ainda sou uma criança imatura.

domingo, 30 de setembro de 2012

Complacência

Minhas artérias já não suportam mais tanta pressão. São tantas obstruções pelos caminhos desses meus vasos sanguíneos que eu já não sei dizer o porque de eles ainda estarem intactos.
É tanto fast food, pouca comida saudável,  divergências, tanto falso moralismo, é tanto de tudo, tudo de nada. Excesso e falta.
O meu nodo sinoatrial está atuando na frequência correta aparentemente, mas a mim parece que meu coração está em fibrilamento, tal a calmaria. Os meus impulsos se propagam pelo nodo atrioventricular, pelo feixe de His e pelas fibras de Purkinge.
Meu preparo físico é o mesmo de uma senhora de 60 anos sedentária, mas sinto a vida pulsar e as coisas acontecerem. Tudo passa e fica guardado em alguma área do meu cérebro, e ao abrir a gaveta mágica vejo as lembranças e sinto saudades.
É tanto ainda por vir, mas será que haverá complacência para os fatos?
Um ego desenvolvido procura formas de sublimação, mas muitas vezes ainda me sinto como uma mera massa de manobra, frágil e vulnerável. Como poderia criar algo bom pra sociedade se não acerto os ponteiros comigo?
Quais as anagênes e cladogênes que o mundo sofreu? Quais as minhas sinapomorfias com relação ao meu ancestral comum? Apenas uma estatistica, um desvio padrão.
Nessa noite viro louca santa varrida, que comete as falhas que tanto julga, os erros que tanto diz que não quer. 
Viro uma megera, que não desistiu do amor para ser poeta, 
Mas que rima suas frases com a ciência e com o que há dentro dela. 
Essas entranhas, mórbidas e ácidas, por vezes corrosivas. Eu vos falo de um coração que sangra e que dói e vive e pulsa, sutil e voraz.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Fragmentos

Me vieram alguns pensamentos 
Agora a pouco, a me remoerem os miolos,
Por um pequeno instante,
Me pareceu que tudo o que vivo,
É uma grande encenação.

Neste relapso,
Minha vida me pareceu uma mentira,
Que me embrulha o estômago,
Uma coisa inacabada, incompleta,
Um rabisco de rascunho.

Um emanharado de nãos,
De impossibilidade,
Insensibilidade,
Pacividade,
Privacidade
Sonhos frustados, 

Me pareceu que esse meu corpo,
Essa carne e osso de que sou feita,
Um aparelho que veio com defeito,
Uma aberração é o que diz a ciência,
Ou talvez um alien.

Fiquei a pensar em como seria,
Ter uma vida de verdade,
Um corpo de verdade,
Sem alergias ou infecções,
Ou qualquer enfermidade, 
De corpo ou de mente.

Pensei logo se essa vida,
Se essa vida sem dor, 
Acaso esta seria verdadeira?
Vejo que esta, tão pouco o seria.

Não creio que uma vida verdadeira,
Deva ser privada da dor,
Aliás não deve ser privada de nenhuma sinapse,
Do sistema nirvoso central e periférico.

Esse é o ponto chave,
Parece que suporto pouco, 
Que sou fraca e frágil,
Talvez eu devesse aguentar um pouco mais.

Quero provar todas as sensações,
Eu  ouço, eu vejo, sinto tato,
Eu sinto o ar, sinto meu corpo cortando o vento,
Tenho todos os sentidos em perfeito estado...

Mas e a paixão, a loucura desenfreada?
Onde está o efeito da adrenalina?
As pessoas normais costumam gostar dele,
Parece que libertam-se os instintos mais selvagens.

O rock'n roll me despertou um pouco isso,
Vontade de pular, de gritar, de ser irracional,
Sentidos a "flor da pele" como dizem,
Mas e o resto? 
Uma vida de verdade não se resume somente a música...

Ou talvez eu queira muitos momentos de clímax,
E não dê valor,
Talvez eu não queira perceber com bons olhos,
Os momentos de calmaria,
E sinto medo.

Penso na minha relação com a minha família,
E se algum dia eu encontrarei alguém que me divida.
Ou talvez que me deixe inteira,
Será que para ter essa vida de verdade eu dependo de um outro?
E de mim? Eu dependo?
Onde está essa eu selvagem?
Onde estão esses instintos de reprodução, de fuga e de proteção? 
Será que são os fragmentos de cromossomos que me faltam?
Ou talvez seja mais uma fragmentação de mente, ou de alma.















domingo, 5 de fevereiro de 2012

Feridas e Cicratizes

Vou por um curativo na minha 'lma
 Das feridas só guardarei as marcas
Marcas das cicratizes
Que não doem nada.
Não sei viver de chicote e laço
.
Corrente da escravidão que permanece
Tênue tom de cinza
Misturado na neblina
Que corta nossas asas
E nos impede de voar.

Dê-me logo um cheiro
Que a correria do tempo segue
E eu continuarei observando a paisagem
Com cara de quem não quer nada.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Minhas férias

Aqui estou eu, com 20 anos de idade, no segundo ano da faculdade e escrevendo uma redação com o título mais segunda série do ensino fundamental que eu ja vi.
Infelizmente eu não achei título melhor, pois é esse o tema desse texto, e o caro leitor tem todo o direito de fechar a aba no navegador ou mudar de endereço eletrônico e procurar algo mais interessante, caso a leitura esteja muito monótona (essa é minha vida...)
A correria da faculdade realmente cansa a mente dos alunos, eu estava esquecida de como passar um dia inteiro de pijama, assistindo a série favorita (no meu caso, Harry Potter) é bom demais. O caso é que talvez passar 30 dias nesse ritmo também canse, e a gente começe a sentir saudades da correria de novo.
15 dias na casa da avó são suficientes para engordar quase 5 quilos,  pois o campo é um lugar muito propicio para comer e dormir.
 Cuidei e mimei minha prima querida, que eu não via a tanto tempo, passamos as festas em família.
Ganhamos mascotes novos, um fica comigo aqui no apartamento em São Paulo, os outros ficam no campo com a minha avó.
Não saí muito de casa, e tenho a sensação daquele déficit de quem passa muito tempo sem ver a cara dos livros para estudar.
Para mim esse tempo foi como se eu tivesse viajado para um templo budista ou algum asham, porque meditei e pensei na minha vida demais. Aliás, eu faço muito isso.
Pensei na minha solteirisse, na minha família, nos meus amigos, na minha carreira, nas minhas cismas, em quem eu sou e em quem deixo de ser.
Vim formando versos esses dias, dentro do onibus antigo de onde minha vó mora, com ele balançando, vendo aquele meio de nada.
Eu não sou santa, mas tenho meus princípios. Aprendi cedo que as mentiras tem as pernas curtas e desde então prefiro dizer sempre a verdade e nada além da verdade. ( Sim, aquele juramento que as pessoas costumam dizer com as mãos sobre a bíblia, nos julgamentos dos filmes).
Até hoje não encontrei uma pessoa que me faça feliz por completo, eu quero sempre mais e espero sempre mais. Será que eu me faço feliz? Não sei responder. 
 Eu sou feliz, e sei que devo muito disso a minha família e aos meus amigos. Será que devo essa felicidade a mim também?
Posso dizer que nessas férias eu resolvi uma boa parte das minhas pendências de boa menina, porém faltou alguns pontos como: sair mais, ir para a praia (isso será resolvido em breve, rsrs) e fazer minha progressiva, mas ainda tenho mais um mês para por essas pendências em dia.
A unica questão que não sei como resolver é a solidão. Quando essa senhora bate a nossa porta e você deixa ela entrar, com sua capa e suas botas de chuva, dificilmente você consegue que ela saia. 
Acho que tenho amigos incríveis e uma famíla também incrível, e por que ainda se sentir só? 
É complicado quando a solidão e a saudade é de mim mesma. Os outros, ah os outros! Para ver os outros basta telefonar. E para ver a si mesmo? Alguem tem um número de telefone? Que eu possa discar e ouvir: Oi, sou eu a Gabriela, que bom que você ligou, também estava com saudade de você, por que passou tanto tempo longe?
Ando me encontrando bastante, mas ainda falta alguma coisa, para essa pessoa que eu sou vir e não ir mais embora.
Sou muito extremófila, praticamente uma Archea. Ou pego toda a culpa para mim, ou jogo toda em cima de alguem.
Descobri várias coisas que gosto de fazer, e nenhum talento. Eu realmente queria descobrir algo em que eu me destacasse, já que estou sempre me achando mediana e pacata. (só achando, pois no fundo eu sei que sou mais que isso).
Preciso de terapia?  ou tudo que preciso é alguem pra conversar? Isso eu ja tenho...  Tenho pessoas maravilhosas ao meu lado e acima de tudo existe um Ser que está comigo e eu confio Nele. Seu nome é Jesus.
Não sei se eu confio demais ou de menos, em mim e nas pessoas, mas o único que nunca me desapontará é Ele.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Considerações

É incrível como na primeira oportunidade, aquele sentimento me arrebate de novo. Eu sei que é perigoso, que eu não devo dar atenção e que se eu o fizer certamente irei me machucar... Mas quem possuir as chaves de comando do sistema límbico para controlar as emoções me avise... Como eu não tenho, o que me resta é me afogar nesse mar de ilusões e incertezas, no qual a única certeza que eu tinha se foi, a certeza de que eu tinha esquecido o que passou totalmente, mas é claro que eu estava errada... 

O sentimento estava apenas adormecido, como um dragão dentro do peito, que foi cutucado e acordou feroz. Eu não sei o que pensar a  respeito de mim, sei que não devo me importar com o que ele pensa sobre mim... Não saio muito, não bebo, não fumo, não faço o tipo sensual e sedutora, gosto de mimar e de alegrar quem eu amo, não tenho certeza se agrado a mim mesma, muito menos aos que estao a minha volta, e me atrevo a dizer que ninguém além de mim tem alguma coisa a ver com isso.

A atração é um instinto que eu definitivamente não sei controlar. Não sei seduzir, nem faço joguinhos de sedução, muito menos tenho o controle do que me aflige: por quem irei me atrair.
Não sei se me sinto só, sou metade mórbida, metade euforia e preciso de pessoas para me equilibrar, não nasci para viver sozinha e isso me angustia. Se me perguntam, digo que estou bem e não é de todo mentira, nem de todo verdade. Várias inquietações me assombram, pensamentos pecaminosos para uma cristã moralista. Quando elas chegam, eu apenas fecho os olhos, tento encontrar uma solução racional, mas é difícil encontrar solução racional nessas horas, então eu mudo de foco e tento pegar no sono.

Já tive vários sonhos bons e vários pesadelos quando isso acontece. Nos sonhos bons geralmente a minha aflição acaba por alguns segundos, quando estou com alguém que me faz bem. Já os pesadelos são mais radicais e envolvem sequestros, bibliotecas e armas de fogo.

E tudo isso não passa de algumas meras considerações que passam na minha mente, neste momento.