quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Fragmentos

Me vieram alguns pensamentos 
Agora a pouco, a me remoerem os miolos,
Por um pequeno instante,
Me pareceu que tudo o que vivo,
É uma grande encenação.

Neste relapso,
Minha vida me pareceu uma mentira,
Que me embrulha o estômago,
Uma coisa inacabada, incompleta,
Um rabisco de rascunho.

Um emanharado de nãos,
De impossibilidade,
Insensibilidade,
Pacividade,
Privacidade
Sonhos frustados, 

Me pareceu que esse meu corpo,
Essa carne e osso de que sou feita,
Um aparelho que veio com defeito,
Uma aberração é o que diz a ciência,
Ou talvez um alien.

Fiquei a pensar em como seria,
Ter uma vida de verdade,
Um corpo de verdade,
Sem alergias ou infecções,
Ou qualquer enfermidade, 
De corpo ou de mente.

Pensei logo se essa vida,
Se essa vida sem dor, 
Acaso esta seria verdadeira?
Vejo que esta, tão pouco o seria.

Não creio que uma vida verdadeira,
Deva ser privada da dor,
Aliás não deve ser privada de nenhuma sinapse,
Do sistema nirvoso central e periférico.

Esse é o ponto chave,
Parece que suporto pouco, 
Que sou fraca e frágil,
Talvez eu devesse aguentar um pouco mais.

Quero provar todas as sensações,
Eu  ouço, eu vejo, sinto tato,
Eu sinto o ar, sinto meu corpo cortando o vento,
Tenho todos os sentidos em perfeito estado...

Mas e a paixão, a loucura desenfreada?
Onde está o efeito da adrenalina?
As pessoas normais costumam gostar dele,
Parece que libertam-se os instintos mais selvagens.

O rock'n roll me despertou um pouco isso,
Vontade de pular, de gritar, de ser irracional,
Sentidos a "flor da pele" como dizem,
Mas e o resto? 
Uma vida de verdade não se resume somente a música...

Ou talvez eu queira muitos momentos de clímax,
E não dê valor,
Talvez eu não queira perceber com bons olhos,
Os momentos de calmaria,
E sinto medo.

Penso na minha relação com a minha família,
E se algum dia eu encontrarei alguém que me divida.
Ou talvez que me deixe inteira,
Será que para ter essa vida de verdade eu dependo de um outro?
E de mim? Eu dependo?
Onde está essa eu selvagem?
Onde estão esses instintos de reprodução, de fuga e de proteção? 
Será que são os fragmentos de cromossomos que me faltam?
Ou talvez seja mais uma fragmentação de mente, ou de alma.















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