domingo, 30 de setembro de 2012

Complacência

Minhas artérias já não suportam mais tanta pressão. São tantas obstruções pelos caminhos desses meus vasos sanguíneos que eu já não sei dizer o porque de eles ainda estarem intactos.
É tanto fast food, pouca comida saudável,  divergências, tanto falso moralismo, é tanto de tudo, tudo de nada. Excesso e falta.
O meu nodo sinoatrial está atuando na frequência correta aparentemente, mas a mim parece que meu coração está em fibrilamento, tal a calmaria. Os meus impulsos se propagam pelo nodo atrioventricular, pelo feixe de His e pelas fibras de Purkinge.
Meu preparo físico é o mesmo de uma senhora de 60 anos sedentária, mas sinto a vida pulsar e as coisas acontecerem. Tudo passa e fica guardado em alguma área do meu cérebro, e ao abrir a gaveta mágica vejo as lembranças e sinto saudades.
É tanto ainda por vir, mas será que haverá complacência para os fatos?
Um ego desenvolvido procura formas de sublimação, mas muitas vezes ainda me sinto como uma mera massa de manobra, frágil e vulnerável. Como poderia criar algo bom pra sociedade se não acerto os ponteiros comigo?
Quais as anagênes e cladogênes que o mundo sofreu? Quais as minhas sinapomorfias com relação ao meu ancestral comum? Apenas uma estatistica, um desvio padrão.
Nessa noite viro louca santa varrida, que comete as falhas que tanto julga, os erros que tanto diz que não quer. 
Viro uma megera, que não desistiu do amor para ser poeta, 
Mas que rima suas frases com a ciência e com o que há dentro dela. 
Essas entranhas, mórbidas e ácidas, por vezes corrosivas. Eu vos falo de um coração que sangra e que dói e vive e pulsa, sutil e voraz.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Fragmentos

Me vieram alguns pensamentos 
Agora a pouco, a me remoerem os miolos,
Por um pequeno instante,
Me pareceu que tudo o que vivo,
É uma grande encenação.

Neste relapso,
Minha vida me pareceu uma mentira,
Que me embrulha o estômago,
Uma coisa inacabada, incompleta,
Um rabisco de rascunho.

Um emanharado de nãos,
De impossibilidade,
Insensibilidade,
Pacividade,
Privacidade
Sonhos frustados, 

Me pareceu que esse meu corpo,
Essa carne e osso de que sou feita,
Um aparelho que veio com defeito,
Uma aberração é o que diz a ciência,
Ou talvez um alien.

Fiquei a pensar em como seria,
Ter uma vida de verdade,
Um corpo de verdade,
Sem alergias ou infecções,
Ou qualquer enfermidade, 
De corpo ou de mente.

Pensei logo se essa vida,
Se essa vida sem dor, 
Acaso esta seria verdadeira?
Vejo que esta, tão pouco o seria.

Não creio que uma vida verdadeira,
Deva ser privada da dor,
Aliás não deve ser privada de nenhuma sinapse,
Do sistema nirvoso central e periférico.

Esse é o ponto chave,
Parece que suporto pouco, 
Que sou fraca e frágil,
Talvez eu devesse aguentar um pouco mais.

Quero provar todas as sensações,
Eu  ouço, eu vejo, sinto tato,
Eu sinto o ar, sinto meu corpo cortando o vento,
Tenho todos os sentidos em perfeito estado...

Mas e a paixão, a loucura desenfreada?
Onde está o efeito da adrenalina?
As pessoas normais costumam gostar dele,
Parece que libertam-se os instintos mais selvagens.

O rock'n roll me despertou um pouco isso,
Vontade de pular, de gritar, de ser irracional,
Sentidos a "flor da pele" como dizem,
Mas e o resto? 
Uma vida de verdade não se resume somente a música...

Ou talvez eu queira muitos momentos de clímax,
E não dê valor,
Talvez eu não queira perceber com bons olhos,
Os momentos de calmaria,
E sinto medo.

Penso na minha relação com a minha família,
E se algum dia eu encontrarei alguém que me divida.
Ou talvez que me deixe inteira,
Será que para ter essa vida de verdade eu dependo de um outro?
E de mim? Eu dependo?
Onde está essa eu selvagem?
Onde estão esses instintos de reprodução, de fuga e de proteção? 
Será que são os fragmentos de cromossomos que me faltam?
Ou talvez seja mais uma fragmentação de mente, ou de alma.















domingo, 5 de fevereiro de 2012

Feridas e Cicratizes

Vou por um curativo na minha 'lma
 Das feridas só guardarei as marcas
Marcas das cicratizes
Que não doem nada.
Não sei viver de chicote e laço
.
Corrente da escravidão que permanece
Tênue tom de cinza
Misturado na neblina
Que corta nossas asas
E nos impede de voar.

Dê-me logo um cheiro
Que a correria do tempo segue
E eu continuarei observando a paisagem
Com cara de quem não quer nada.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Minhas férias

Aqui estou eu, com 20 anos de idade, no segundo ano da faculdade e escrevendo uma redação com o título mais segunda série do ensino fundamental que eu ja vi.
Infelizmente eu não achei título melhor, pois é esse o tema desse texto, e o caro leitor tem todo o direito de fechar a aba no navegador ou mudar de endereço eletrônico e procurar algo mais interessante, caso a leitura esteja muito monótona (essa é minha vida...)
A correria da faculdade realmente cansa a mente dos alunos, eu estava esquecida de como passar um dia inteiro de pijama, assistindo a série favorita (no meu caso, Harry Potter) é bom demais. O caso é que talvez passar 30 dias nesse ritmo também canse, e a gente começe a sentir saudades da correria de novo.
15 dias na casa da avó são suficientes para engordar quase 5 quilos,  pois o campo é um lugar muito propicio para comer e dormir.
 Cuidei e mimei minha prima querida, que eu não via a tanto tempo, passamos as festas em família.
Ganhamos mascotes novos, um fica comigo aqui no apartamento em São Paulo, os outros ficam no campo com a minha avó.
Não saí muito de casa, e tenho a sensação daquele déficit de quem passa muito tempo sem ver a cara dos livros para estudar.
Para mim esse tempo foi como se eu tivesse viajado para um templo budista ou algum asham, porque meditei e pensei na minha vida demais. Aliás, eu faço muito isso.
Pensei na minha solteirisse, na minha família, nos meus amigos, na minha carreira, nas minhas cismas, em quem eu sou e em quem deixo de ser.
Vim formando versos esses dias, dentro do onibus antigo de onde minha vó mora, com ele balançando, vendo aquele meio de nada.
Eu não sou santa, mas tenho meus princípios. Aprendi cedo que as mentiras tem as pernas curtas e desde então prefiro dizer sempre a verdade e nada além da verdade. ( Sim, aquele juramento que as pessoas costumam dizer com as mãos sobre a bíblia, nos julgamentos dos filmes).
Até hoje não encontrei uma pessoa que me faça feliz por completo, eu quero sempre mais e espero sempre mais. Será que eu me faço feliz? Não sei responder. 
 Eu sou feliz, e sei que devo muito disso a minha família e aos meus amigos. Será que devo essa felicidade a mim também?
Posso dizer que nessas férias eu resolvi uma boa parte das minhas pendências de boa menina, porém faltou alguns pontos como: sair mais, ir para a praia (isso será resolvido em breve, rsrs) e fazer minha progressiva, mas ainda tenho mais um mês para por essas pendências em dia.
A unica questão que não sei como resolver é a solidão. Quando essa senhora bate a nossa porta e você deixa ela entrar, com sua capa e suas botas de chuva, dificilmente você consegue que ela saia. 
Acho que tenho amigos incríveis e uma famíla também incrível, e por que ainda se sentir só? 
É complicado quando a solidão e a saudade é de mim mesma. Os outros, ah os outros! Para ver os outros basta telefonar. E para ver a si mesmo? Alguem tem um número de telefone? Que eu possa discar e ouvir: Oi, sou eu a Gabriela, que bom que você ligou, também estava com saudade de você, por que passou tanto tempo longe?
Ando me encontrando bastante, mas ainda falta alguma coisa, para essa pessoa que eu sou vir e não ir mais embora.
Sou muito extremófila, praticamente uma Archea. Ou pego toda a culpa para mim, ou jogo toda em cima de alguem.
Descobri várias coisas que gosto de fazer, e nenhum talento. Eu realmente queria descobrir algo em que eu me destacasse, já que estou sempre me achando mediana e pacata. (só achando, pois no fundo eu sei que sou mais que isso).
Preciso de terapia?  ou tudo que preciso é alguem pra conversar? Isso eu ja tenho...  Tenho pessoas maravilhosas ao meu lado e acima de tudo existe um Ser que está comigo e eu confio Nele. Seu nome é Jesus.
Não sei se eu confio demais ou de menos, em mim e nas pessoas, mas o único que nunca me desapontará é Ele.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Considerações

É incrível como na primeira oportunidade, aquele sentimento me arrebate de novo. Eu sei que é perigoso, que eu não devo dar atenção e que se eu o fizer certamente irei me machucar... Mas quem possuir as chaves de comando do sistema límbico para controlar as emoções me avise... Como eu não tenho, o que me resta é me afogar nesse mar de ilusões e incertezas, no qual a única certeza que eu tinha se foi, a certeza de que eu tinha esquecido o que passou totalmente, mas é claro que eu estava errada... 

O sentimento estava apenas adormecido, como um dragão dentro do peito, que foi cutucado e acordou feroz. Eu não sei o que pensar a  respeito de mim, sei que não devo me importar com o que ele pensa sobre mim... Não saio muito, não bebo, não fumo, não faço o tipo sensual e sedutora, gosto de mimar e de alegrar quem eu amo, não tenho certeza se agrado a mim mesma, muito menos aos que estao a minha volta, e me atrevo a dizer que ninguém além de mim tem alguma coisa a ver com isso.

A atração é um instinto que eu definitivamente não sei controlar. Não sei seduzir, nem faço joguinhos de sedução, muito menos tenho o controle do que me aflige: por quem irei me atrair.
Não sei se me sinto só, sou metade mórbida, metade euforia e preciso de pessoas para me equilibrar, não nasci para viver sozinha e isso me angustia. Se me perguntam, digo que estou bem e não é de todo mentira, nem de todo verdade. Várias inquietações me assombram, pensamentos pecaminosos para uma cristã moralista. Quando elas chegam, eu apenas fecho os olhos, tento encontrar uma solução racional, mas é difícil encontrar solução racional nessas horas, então eu mudo de foco e tento pegar no sono.

Já tive vários sonhos bons e vários pesadelos quando isso acontece. Nos sonhos bons geralmente a minha aflição acaba por alguns segundos, quando estou com alguém que me faz bem. Já os pesadelos são mais radicais e envolvem sequestros, bibliotecas e armas de fogo.

E tudo isso não passa de algumas meras considerações que passam na minha mente, neste momento.