quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Soneto de Manoel Maria Barbosa du Bocage

Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza, e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados :

 
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura ;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados :

Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz a tirania :

Desculpa tendes, se valeis tão pouco ;
Que não pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado e rouco .

Um comentário:

  1. Postagem a pedido Ceará!
    Ta ai amigo um soneto do Bocage pra você.

    beijos a todos.

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